quinta-feira, maio 04, 2006

Soneto de Saudade

Recentes os dias após o dia incomum
Nostálgico em compleição e detalhes
Dia escolhido de mil somente um
Capaz de ficar no coração em entalhe

Com ferramenta a vida a arte e o artesão
Gravando com a cunha da saudade
Saudade que tenho em vasta ascensão
Horas eternas de pura simplicidade

Onírica lembrança do sorriso,
Gestos, a voz e sua observação.
Podendo tatear a imaginação

Sei que a única coisa da vida
Que um alguém jamais poderá arrancar
O maior de todos os dons – o de lembrar

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Canto Primeiro - 8

Por cinco anos de dor constante
Retorcida no profundo abismo
Na concebida escuridão, antes,
Em outro tempo [No egoísmo!].

Jogando-me nas paredes e nos espinhos
Fugindo em desespero, na cólera,
Temendo o espelho. Longe de ser lúcido

Espelhos espinhos; longe de ter,
Longe de ser só, retorcido em si,
Distorcido em dó, vagando em que?
Destinado ao pó, solo em si.

Canto Primeiro - 7

Belo o pôr-do-sol mais que tudo
Depois de tudo que chamo amor
- O sempre eterno que eterno dura
Inconsolável pelo seu valor

Seria num lugar comum se comum fô-se
Seria num singelo passado enfim
Se apenas fô-se recordado por mim

Vagando nas ruínas do passado
Trajando as lembranças do acaso
Tentando ver no futuro - presente
Para onde caminham meus passos

Canto Primeiro - 6

Ano 1990
'23', 'agosto', '20:40h'
Minha face à dela encontra
Angustia do coração se ausenta

A lembrar do inicio deste amor
Perdido a me ver entre cecos sonhos
Pesadelos sem valor ao passar dos anos

Há canções que brandam minha tristeza
Salvo da miopia do convívio
Hoje quiçá veja com clareza
Amparado pela incerteza